29 março 2009

Mudar é preciso



 

Pelo menos, uma vez na vida, precisamos fazer alguma mudança. Mas não se trata de mudar por mudar. Não. Tem que ter significado, precisa valer a pena e, se possível, tem que envolver riscos, pois sem eles, não tem graça nenhuma. É um papo meio doido, eu sei. Também é pertinente falar sobre a importância de quem tem medo ou nunca refletiu sobre o assunto.

Vamos ser honestos com nós mesmos. Ninguém gosta de mudar realmente. Raras são as exceções. Afinal de contas, sair do que é certo, perder a solidez que lhe permite caminhar com segurança e conforto, esse último obtido por meio da rotina, é desagradável. O pior de tudo isso é quando não podemos escolher e temos que aceitar o novo. Isso sem falar na adaptação da nova realidade, totalmente diferente do que se apresenta diante de seus olhos.

No entanto, a vida é curta, como sabemos. Por esse motivo e tantas outras razões, mudar é fundamental para viver de verdade. Mais do que isso. Sem mudança e riscos, como obter experiência e conseqüentemente amadurecimento? Nós, como seres humanos, precisamos aprender a sobreviver nas selvas em que vivemos, essas representadas, por exemplo, pelo cenário da cidade grande. Utilizo esse exemplo ``selvagem`` pelo simples motivo que, nesse ambiente, a importância de se adaptar é importante para a questão da sobrevivência.

Conheço pessoas que adoram qualquer tipo de mudança, mesmo que essa cause pequenas e nem sempre tão visíveis alterações em suas vidas. Para elas, o diferente acaba se tornando natural de certo modo, mas não previsível. E é isso que torna as coisas interessantes. Para os mais resistentes, é como fazer exercício ou qualquer outra atividade física aos quais não estão acostumados. Dói, queima e dá vontade de parar sem pensar duas vezes. Ou então, voltar atrás. Rebobinar a fita e fingir que nada aconteceu e tudo voltou a ser como era antes. Tudo em seu lugar, como devia estar.

Enfim, escolher a mudança em maior ou menor grau é pular do alto de uma ponte sem olhos vendados pronto para correr toda a sorte de riscos. Mudar é sentir o coração bater e acelerar como se todas as suas veias estivessem em sintonia com o perigo. Nunca esquecendo, é claro, que para existir uma história tem que ter verdade.  

21 março 2009

A idéia de amadurecer



 

Confesso: sempre tive muita dificuldade com essa questão de amadurecimento. Achava que se tratava de algo natural, humano e comum, mas é muito mais do que isso. Amadurecer é a conseqüência final de um processo, esse normalmente constituído por certos desafios que a própria vida parece querer nos propor a cada momento. O detalhe mais óbvio disso tudo é que, com certeza, não é algo fácil para ninguém. Às vezes é mais difícil para uns do que para outros.

No que diz respeito à dificuldade, muitos podem rotular você de ``aquele que sofre da síndrome de Peter Pan``, como se houvesse uma resistência até proposital para crescer e se tornar alguém que entende como funcionam as coisas e as pessoas. Para mim, tenho visto que a idéia de se tornar uma pessoa madura está envolvida com o fato de que a decepção é inevitável. Por esse motivo, aceitar isso é como amadurecer, compreender que errar é humano e perdoar, ou pelo menos tentar, a pessoa que te decepcionou.

Infelizmente, se conformar com certas coisas é feito quase impossível para muita gente, um grupo na qual me incluo também. Parece até parte da natureza humana querer fazer alguma mudança e ter o controle da situação ao invés de abandonar a luta e simplesmente aceitar as coisas como são. O mais curioso é quando você resolve pedir um conselho e o que recebe em troca é uma indicação do que fazer em forma de pistas, frases com letras miúdas prontas para serem lidas nas entrelinhas. A partir dai, após decifrar e entender ``o que`` fazer , você descobre ``o como`` fazer e quando para ser mais exato. Isso torna as coisas interessantes e ao mesmo tempo irritantes, pois muitas vezes quem aconselha não passa o enigma de forma correta e acaba optando por um jeito confuso.

Outro pensamento muito associado ao amadurecimento é o da solidão, esse representado por situações em que você deve aprender a gostar do que faz e enxergar os benefícios disso, além da famosa frase ``se vira`` dita como estimulo para que ache uma solução sozinho e se mostre auto-suficiente. Um outro detalhe que com certeza não pode ser esquecido de forma alguma é a noção de que cada sentimento tem seu lugar, principalmente no que diz respeito às relações humanas. Em outras palavras, isso significa aprender a separar as coisas, como por exemplo, o pessoal do profissional. Enquanto o primeiro é humano, sente dor, chora e tem sua sensibilidade o outro precisa ser muitas vezes duro, frio e até certo ponto necessariamente desumano. É claro, tudo com uma explicação lógica para o segundo lado, esse que, por sua vez, pode confundir medo com respeito, atitudes mais duras e estúpidas como motivação e assim por diante.

Aparentemente, torna-se uma pessoa madura não é algo divertido, legal ou prazeroso. Muito pelo contrário. Da mesma forma, também não há aprendizado sem dor ou conseqüências marcantes. Quem nunca se deparou com a situação de repetir erros do passado, mas que na hora H veio àquela voz interior e lhe alertou no momento exato?

Todos somos capazes de aprender com os próprios erros. Basta ter uma segunda chance para demonstrar isso e, assim, demonstrar amadurecimento, seja lá como for que esse se apresente ou qual for sua concepção.