22 julho 2011

Inspiração livre

 

Ter inspiração para escrever um texto é algo imprevisível. Você nunca sabe quando ou como irá acontecer. Às vezes, pode ser nos lugares mais inusitados e nas horas mais improváveis. De preferência, quando você não tem um bloco de notas por perto ou está em pé no ônibus em horário de pico. Mas, dessa vez, venho falar de um caso bem mais interessante que é quando você se inspira no texto de outra pessoa, independente se ela é conhecida ou não do grande público. Aliás, quem disse que somente os grandes escritores podem servir de fonte de inspiração?

Já li alguns textos bem criativos inspirados em idéias ou até mesmo citações de grandes escritores e pensadores do século passado. Aplaudo quando alguém faz algo magnífico a partir de uma simples citação de um livro, por exemplo. É como utilizar uma sementinha para construir uma bela árvore com as mãos. Ao fazer isso, você homenageia o legado que escritores mais famosos deixaram para a humanidade. Desse modo, suas idéias permanecem vivas e a reflexão que elas trazem consigo se tornam história para quem vai ao encontro delas.

O que dizer então de uma nova geração da escrita que encontra na internet a liberdade necessária para expressar suas idéias? Jogo essa pergunta no ar, pois sempre me surpreendo com a quantidade de blogueiros criativos que tenho encontrado pelo caminho. Existem pessoas de várias partes desse país que utilizam de forma muito especial essa liberdade de expressão pelo meio virtual. E o mais incrível disso tudo é a quantidade de material inspirador postado por amigos/colegas de blogs. Entre os vários exemplos que eu poderia citar vou escolher apenas dois.

O primeiro deles é o belo poema Se seu Coração Falasse postado no blog Versos, Prosas e Colóquios no qual o blogueiro Angelus sugere uma idéia muito criativa nas últimas linhas. Lembro de ter comentado que aquele tinha sido o poema mais criativo sobre amor que havia lido até o momento. A sensibilidade daquelas palavras me chamaram a atenção tanto pela simplicidade como pela sinceridade que se percebe nelas. Acho que foi por causa disso que a minha imaginação ficou ativa pensando nas possibilidades que poderiam ser exploradas. Pensando nisso, escrevi o post Se os corações fossem pessoas . No começo, fiquei com um certo receio achando que ele não fosse gostar do resultado (uma possibilidade a ser considerada, é claro) e que os leitores iriam ver aquele post como algo menor e original justamente por ter sido inspirado em outro. Mesmo assim, fui com a cara e a coragem para tornar aquilo realidade. Não me perdoaria se desistisse tão facilmente.

O outro exemplo aconteceu mais recentemente. Escrevi um texto sobre como nascem as amizades no meu outro blog, o Fluindo o Olhar. A repercussão foi boa e me surpreendeu, inclusive. Não achava que outros blogueiros gostariam daquele texto. Claro que nunca deixei de escrever algo por causa disso, mas sempre dei muita importância para a opinião das pessoas sobre o que escrevo. Afinal, abro meu coração quando compartilho minhas palavras através de um texto. E qual não foi a minha surpresa ao ver o comentário da blogueira Fernanda Duarte, do blog Lugarzito, sobre meu texto? Fiquei muito feliz com a recepção dela e mais ainda com o post Amor aos Pedaços no qual ela cita o meu. Imagina então qual foi a minha reação ao me deparar com algo tão criativo e poético e saber que, de um certo modo, contribui para que isso acontecesse. Inclusive, devo dizer que este post foi livremente inspirado por esta atitude.

Como disse antes, se inspirar no texto de outro blogueiro não é nenhum mal. Aliás, admitir isso publicamente é um exemplo de humildade. Também não tira o mérito do texto inspirado que, por sua vez, brotou da sensibilidade em captar a mensagem de forma especial. Ao fazer isso, você não só promove uma interação positiva entre blogs como também desenvolve seu olhar sobre o assunto. Em outras palavras, isso mostra como a inspiração é algo livre assim como um sonho cheio de possibilidades.

14 julho 2011

A voz da emoção

 

Acredito que uma boa música é aquela que toca você de alguma forma. Não importa o tema, a melodia encontra um meio de atingir este objetivo. O fato é que existe um conjunto de fatores que possibilita isso. Um deles é o que você sente enquanto ouve, pois seus ouvidos são como portas de entrada para receber esse tipo de mensagem. O som entra por eles e faz o caminho até chegar ao coração que, por sua vez, bate de acordo com o ritmo.

Graças a sua capacidade de interpretação, você não só sente essa vibração como alimenta sua mente para a criação de sonhos ou até mesmo cenários que combinem com a música. Confesso que é um exercício de imaginação bem divertido que torna tudo bem mais interessante. E isso acontece muito quando você ouve uma música e ela não sai da sua cabeça por um tempo. E o negócio fica melhor ainda quando você sente a emoção sendo transmitida pela voz.




Pra mim, é o caso de uma cantora que conheci através de um programa americano chamado The Voice. O nome dela é Vicci Martinez. Fiquei curioso desde sua primeira apresentação quando ela cantou Rolling in the deep, música conhecida pela voz da também cantora Adele. Foi algo inspirador e emocionante tanto que rendeu um post só sobre esse momento. Antes de conhecer o potencial vocal dela, vi um pequeno depoimento no qual ela fala um pouco sobre sua história de vida e, principalmente, a relação com seu pai, já falecido, e que sempre foi um grande incentivador dos seus sonhos. Após isso, os jurados do The Voice tiveram uma grata surpresa com a voz poderosa e cheia de emoção desta jovem cantora. A história da música fala sobre amor partido e a superação por trás dessa dor. É incrível como ela vai crescendo na música de acordo com a letra. No começo é suave, mas com ritmo. Depois, é como um ``soco na cara``.

Antes de continuar falando mais sobre a trajetória de sucesso dela, vale a pena explicar algumas coisas sobre o programa The Voice para quem ainda não conhece ou não leu os posts anteriores sobre o assunto. O formato é um pouco parecido com American Idol, que aqui no Brasil foi conhecido pela sua versão exibida primeiro no SBT e atualmente na Rede Record. A principal diferença é percebida logo de cara quando os jurados Christina Aguilera, Cee Lo Green, Adam Levine (Maroon 5) e Blake Shelton conhecem os candidatos apenas pela voz, pois estão sentados de costas para eles. De inicio, parecia estranho, mas a idéia era justamente essa para dar cada vez mais importância ao talento vocal. Caso algum jurado gostasse de um candidato, ele apertava um botão vermelho em sua cadeira que virava para que ele pudesse assistir de frente a apresentação. Além disso, ele também se candidatava para ser treinador daquele candidato. E foi o que aconteceu com Cee Lo e Vicci. Parecia coisa do destino, mas essa parceria realmente funcionou muito e fez crescer ainda mais o talento desta pequena cantora de grande talento.





Um exemplo disso foi na segunda fase do programa quando ocorreram os duetos entre candidatos que eram treinados pelo mesmo artista. Cee Lo escolheu Niki Dawson para cantar ao lado de Vicci a música Fuckin' Perfect, da Pink. As duas arrasaram naquela noite, pois suas vozes se encaixavam com perfeição. Por causa do talento das duas, acredito que não tinha como ter sido diferente. E a música falava sobre auto-estima e como nunca devemos deixar ninguém nos fazer sentir mal por sermos diferentes.





Mais adiante tivemos Vicci voltando a cantar solo no programa. Dessa vez, foi o momento de interpretar uma música bem antiga chamada Jolene, gravada em 1974 por Dolly Parton. Assisti um vídeo esses dias da versão original para fazer uma comparação. Cheguei a conclusão de que a versão feita por Vicci deu uma nova cara pra música assim como um tom mais envolvente. Independente se você ouve e entende a letra sem precisa buscar a tradução, a sensação de conseguir imaginar as cenas que se desenvolvem na história contada pelos versos é inevitável.



Um pouco mais próximo da final do programa houve uma apresentação bem mais diferente e agitada com direito ao uso de tambor para compor o ritmo. Dessa vez, a música escolhida é Dog Days Are Over, do grupo Florence and the machine. Com um visual totalmente diferente do que todos estavam acostumados até então, ela não só cantou muito como pulou e tomou conta do palco com toda aquela energia de quem parece cantar um hino de guerra. O lado guerreira estava lá como nunca e não era apenas na voz. Quando assisti pela primeira vez, vi que havia no palco alguém determinado a vencer, que vai com tudo o que tem e supera obstáculos com muita força de vontade. Afinal, música é a paixão dela e esse sentimento sempre a motivou como nunca.



Em um dos últimos episódios, o público teve a oportunidade de vê-la cantar e interpretar a música Afraid to Sleep que, segundo o que pesquisei, foi gravada inicialmente pela cantora Dido em um dos seus álbuns. Com um tom mais sombrio e triste, Vicci faz uma apresentação carregada de emoção sobre o medo de dormir, tema com o qual ela se identificou pelo fato de ter dormido cada vez menos nos dias anteriores as últimas apresentações. De todas as músicas citadas neste post, essa certamente tem sido a que ficou mais ``grudada`` na minha cabeça. Não sei bem explicar por que, pois não tenho uma relação forte com o tema. No entanto, não consigo negar o quanto essa interpretação é envolvente, capaz de me fazer viajar junto com a história como se estivesse vendo um filme de suspense.

Enfim, a música tem mesmo esse poder de envolver as pessoas, mexer com as emoções delas e ainda por cima acrescentar elementos à imaginação. Também por isso, é que o talento tão notável de Vicci Martinez a faça brilhar tanto no palco tornando-a um grande sucesso.


OBS: Sinto muito por alguns videos não terem as apresentações completas, mas infelizmente não encontrei nenhum no Youtube. De qualquer modo, vale a pena do mesmo jeito pois assim vocês podem conhecer mais a voz dela.


07 julho 2011

Em quem você confia?






Tecnicamente, construir uma relação de confiança é um processo lento. Trata-se de uma questão de conquista diária. Você pode confiar em diversas pessoas como amigos, colegas de trabalho, parentes e, de certo modo, em desconhecidos. Em alguns, casos é algo que ocorre naturalmente quando existe afinidade entre as pessoas. No entanto, sentimentos como esses hoje em dia acabam sendo corrompidos por outros como covardia, egoísmo, inveja e cobiça. Talvez existam até outros fatores que contribuem para quebrar algo que deveria unir pessoas, mas acredito que nenhum deles chega a ser pior do que a traição.

Ser traído (a) por alguém é muito horrível. A dor é grande assim como o inconformismo e a indignação. Você tenta entender o que aconteceu, mas não consegue. A razão fica um pouco balançada e uma sensação quase paranóica se instala silenciosamente dentro do seu ser. É como um alerta que generaliza injustamente todas as pessoas. Em quem confiar se todos são iguais?

Já conheci muita gente que pensa desse modo. São pessoas que preferem utilizar o termo ``cisma`` para se referir a essa mania de não confiar em ninguém de forma integral, pois todos cedo ou tarde irão tomar alguma atitude que decepcione e magoe o coração. No entanto, nem tudo nesse mundo é assim tão fechado e exato. Existem variações, diversidade e, sobretudo, esperança. Sempre existirão pessoas que merecem nossa confiança. Isso é fato. Podemos ser todos iguais, mas também somos únicos. Por isso, não se pode condenar todo uma espécie pelos erros da maioria. Na verdade, tal ato seria uma clara injustiça além de um pré-conceito.

Mesmo assim, confiar nem sempre é uma tarefa fácil, ainda mais levando-se em consideração a possibilidade inevitável de erro humano. Melhor dizendo, das atitudes tomadas por motivos tortos e pessoais. Por exemplo, como confiar em alguém, que se diz amigo, e age por suas costas levando informações consideradas confidenciais? É impossível.  Afinal, segredos existem para serem guardados. Se você os compartilha com determinada pessoa, é porque confia na lealdade dela. Não importa os motivos, nada justifica qualquer traição.

Infelizmente, existem muitas pessoas mal-intencionadas espalhadas pelo mundo. São verdadeiros monstros querendo sugar ou dissipar algo tão puro e difícil de ser encontrado. Suas presas ficam afiadas quando percebem a existência de alguém que acredita nas pessoas, na bondade delas e em suas boas intenções. Por exemplo, existem muitos casos de menores que tem sua infância roubado por terem confiado naquele ``amiguinho`` que conheceu no bate-papo. O mesmo também ocorre com pessoas que marcam encontros através de sites relacionamentos também. A malicia somada a uma facilidade teatral em convencer pessoas pela conversa certamente é uma arma muito poderosa. E essa só pode ser combatida com muita desconfiança. Dizem que todos nós temos um sexto sentido, um tipo de alerta interior que nos mostra se devemos ou não confiar em alguém. Às vezes, você o percebe pelas batidas do coração ou então por algum tipo de sensação. Mas nem sempre isso é o bastante.

Enfim, sou do tipo de pessoa que gosta de confiar no outro, mas com cuidado. Tenho sempre os meus olhos atentos a qualquer sinal e os ouvidos prontos para a voz do coração. Também sou um grande otimista, daqueles cujo otimismo foi construído com o tempo. Não generalizo, pois tenho várias pessoas que moram no meu coração e que merecem minha total confiança.  

03 julho 2011

Vidas trocadas

 

Duas vidas totalmente diferentes. A fase de questionamentos conhecida como adolescência e uma descoberta que com certeza mudará tudo. Basicamente, essa é a idéia principal por trás da série Switched at Birth (em português algo como Ligadas ao Nascer), ainda inédita no Brasil. Bay é uma garota rica enquanto Daphne mora em um bairro pobre, além de ser surda. Após descobrir que suas vidas poderiam ter sido diferentes por terem sido trocadas na maternidade, elas tentam aos poucos se conhecer e se adaptar a essa nova condição quando as duas famílias decidem morar na mesma casa.



Perguntas como ``O que aconteceria se eu tivesse sido criada pela minha mãe biológica?`` se tornam comuns para elas. Infelizmente, não há como voltar ao passado e consertá-lo. Só resta seguir em frente. Uma das várias coisas que acho interessante nessa série e a forma como a história é conduzida. Pelo que já ouvi falar, já foram criadas diversas histórias desse tipo, algumas até baseadas em fatos reais. Sendo assim, parece que há pouco a ser inovado nesse segmento, mas mesmo assim existe um tipo de renovação no formato. Ao invés de ser apenas dramática e triste, ela procura ter um lado ``teen`` bem forte e interessante. Em alguns casos, pode até lembrar outros exemplos recentes do gênero como The OC e One Tree Hill.


Entre suas características que mais se destacam, Bay é impulsiva, espontânea e curiosa. Foi por causa dela que esse ponto de virada aconteceu. Durante uma aula de ciências em que os alunos aprendiam como se faz um exame de tipo sanguíneo, ela descobre ter o tipo AB. Quando questiona seus pais, eles brincam com a situação e acreditam que seja um erro pois ambos tem tipo sanguíneo A, o que segundo eles significaria que sua filha só poderia ser do tipo A ou O. Mesmo com clima de brincadeira, a curiosidade ainda permanece e eles resolvem descobrir juntos o que pode ter acontecido.



Daphne nem sempre foi surda. Contraiu o vírus quando criança e aos poucos foi perdendo a audição, mas nunca deixou de ser uma garota normal por causa disso. Claro que teve que lidar com muitas situações envolvendo preconceito além de uma sensação natural de deslocamento. É muito simpática, sensível e forte. Estuda em uma escola para surdos, o que obviamente é mais adequado e confortável para ela. No entanto, sente-se tentada a aceitar a proposta de estudar na mesma escola de Bay e assim conviver com outros jovens. Acho muito interessante esse detalhe no enredo, pois acredito que todos têm direitos as mesmas chances, independente de qualquer coisa. Ninguém deve se sentir excluído por ser diferente em qualquer sentido.

Bom, fica aqui a minha sugestão de uma série muito interessante e legal. Estou ainda acompanhando os primeiros episódios e, pelo que vi logo de cara, tenho certeza que valerá muito a pena continuar acompanhando. Para quem também se interessar, recomendo visitar o blog Amo Séries no qual é possível baixar os episódios.

Abaixo, alguns videos apresentando a série: