04 março 2019

"Capitã Marvel": por que este filme é tão importante?



A ameaça da Capitã Marvel

Existe uma expectativa muito grande a respeito do próximo grande filme da Marvel Studios. Além de ser o primeiro protagonizado por uma super-heroína, também será aquele que irá preparar o terreno para o tão aguardado Vingadores: Ultimato. Em outras palavras, tudo certo para um grande sucesso...ou não. Infelizmente, algo tem ameaçado isso. Talvez não seja uma ameaça tão grande, mas já preocupa aqueles que torcem por mais representatividade feminina no cinema.

Os fatos

O primeiro filme solo da Capitã Marvel nem estreou e já está sendo alvo de polêmicas. Tudo por causa de declarações da atriz principal, Brie Larson, a respeito da falta de diversidade entre os profissionais de imprensa. Para a revista Marie Claire, ela demonstrou se sentir incomodada com o fato já que a maioria dos jornalistas que fazem cobertura de eventos e escrevem críticas é composta em sua maioria por homens brancos. Por causa de declarações como essa, grande parte do público masculino branco tem se manifestado contra a produção. E como isso tem sido feito? Através de um boicote no Rotten Tomatoes, um famoso agregador de opiniões da crítica especializada. Algumas semanas atrás, o site recebeu uma quantidade muito grande de comentários e avaliações negativas. Para mais informações, recomendo esta matéria do Yahoo que inclusive destacou comentários pontuais dos novos inimigos do filme.

Infelizmente, não é a primeira vez que filmes protagonizados por mulheres são alvos de ataques por parte do público masculino. Isto já aconteceu com Mad Max (2015), Caça-Fantasmas (2016), com os recentes Star Wars e até mesmo com Mulher-Maravilha. Escrito por Liao, o texto Homens claramente temem mulheres liderando filmes nerds… E o problema é deles.  , do site Garotas Geeks, traz um retrospecto disso além de uma análise mais detalhada do significado e origem desses ataques que agora estão direcionados ao filme da Capitã Marvel. 

A importância da Capitã Marvel

Em primeiro lugar, é preciso lembrar a importância de um filme como esse. Para isso, é preciso voltar ao ano de 2017 quando Mulher-Maravilha chegou para mostrar que estava mais do que na hora de mudar as coisas na indústria cinematográfica. Entre os vários méritos do filme dirigido por Patty Jenkins, estava o fato de comprovar que precisamos sim de mais super-heroínas no cinema e que mulheres também podem dirigi-los com competência.

Além disso, o sucesso do filme da amazona também serviu para mostrar existe público interessado em ver super-heroínas no cinema. Isto, por sua vez, derruba a "crença" de que ninguém se interessaria por este tipo de produção tão necessária e importante. Neste sentido, destaco o texto Uma crítica feminista do filme “Mulher-Maravilha”  de Ana Amélia Ribeiro para o Jornal Opção, que analisa o filme além de abordar questões pertinentes como representatividade e sexualização de personagens femininas nos quadrinhos.



Em outras palavras, são várias vitórias desta luta que apenas começou naquele ano. Para entender esta questão, recomendo ouvir o episódio 26 do podcast Feito por Elas onde as integrantes comentam sobre as dificuldades enfrentadas pela cineasta Patty Jenkins em sua carreira.

Não há dúvidas que Mulher-Maravilha foi uma vitória na luta por mais representatividade feminina no cinema. Isso criou o que chamo de um novo passo para as adaptações de quadrinhos já que agora personagens como ela ganham a devida atenção e destaque. Prova disso está no fato de que outras produções como Batgirl e Viúva Negra começaram a ganhar a força que precisavam em seus respectivos estúdios. E a expectativa também é grande para o sucesso delas.

O poder da Capitã Marvel

Acredito que dificilmente polêmicas como essas irão atrapalhar o sucesso de Capitã Marvel. De qualquer modo, para que esse momento bom continue a reverberar é preciso que se combata atitudes como essas. Mesmo que elas não representem uma grande ameaça, esses boicotes podem influenciar negativamente outras pessoas cujo entendimento e percepção dos fatos está seriamente prejudicado hoje em dia. Afinal de contas, vivemos em tempos em que fake news e discursos de ódios se tornam grandes monstros cada vez mais poderosos. Tudo porque as redes sociais potencializam suas vozes e assim permitem que este vírus se alastre mundo afora em pouco tempo.

Nesse sentido, é importante dizer: Brie Larson não está errada. Há realmente poucos (as) jornalistas negros não só em coberturas cinematográficas como em diversos setores da mídia. Neste caso em especial, é normal que qualquer comentário sobre quem trabalhe cobrindo cinema ganhe um destaque maior. No entanto, isso não deveria impedir qualquer pessoa de criticar a falta de inclusão de profissionais negros no meio. Muito pelo contrário. É não só uma questão democrática falar sobre isso como também lutar contra o preconceito e a discutir a importância de representatividade.

Nesse caso, a atriz está usando seu poder midiático para justamente fazer algo a respeito. Assim como sua personagem, ela está agindo como uma heroína. Lutando pelo que é certo. Fica a esperança para que atitudes como essas sejam mais reconhecidas e não vistas como uma ameaça. 

Por todos esses motivos, enfatizo quanto o Capitã Marvel é importante para o momento atual e também para o futuro. E também aproveito para relembrar que:

Capitã Marvel estreia no Brasil no dia 7 de março. Nos Estados Unidos, o filme chega em 8 de março, data em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher.

Enfim, encerro este post com uma ilustração de Felipe Lima com as duas super-heroínas:



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