21 março 2020

Um olhar sobre os 20 anos do Acústico MTV - Capital Inicial



O começo dos anos 2000 foi como nenhum outro para muita gente, inclusive para este blogueiro que vos fala. Em 21 de Março de 2000, nascia o Acústico MTV do Capital Inicial. Por conta de seu aniversário de 20 anos, não podia deixar de fazer alguns comentários sobre o quanto o CD dessa banda impactou minha adolescência de forma especial. Até aquele ano, eu não tinha uma banda nacional favorita do tipo de ouvir e gostar de praticamente de todas as músicas. Muitas pessoas que estão lendo isso agora podem questionar essa afirmação e aproveitar para julgar meu gosto musical, mas no momento não me importo com isso. O que realmente me importa é comentar sobre as músicas que fizeram parte desse renascimento no mundo da música deles.

"O Passageiro", a versão de Dinho Ouro Preto e Bozzo Barretti para "The Passenger" do Iggy Pop, é certamente uma música que não dá pra passar batido (com o perdão do trocadilho) seja pela letra ou pela releitura feita por conta do acústico. Já perdi a conta de quantas vezes ouvi ela como uma trilha sonora para um pequeno filme de alguém observando o mundo ao seu redor a noite. 

"Entre no meu carro
Nós vamos rodar
Seremos passageiros da noite
E veremos a cidade em trapos
E veremos o vazio do céu
Sob os trapos dos subúrbios daqui" 


"O Mundo", assim como outras músicas do acústico, consegue te envolver facilmente e ainda manda um recado para pessoas que lidam com aquele velho problema de julgamento social. "Se eu for ligar para o que é que vão falar, não faço nada" é um trecho que dificilmente sairá da cabeça tão cedo depois de ouvir. Essa música também acaba se tornando um grito de autoafirmação principalmente para adolescentes em fase de construção de identidade.



Vou pular "Todas as Noites" que mesmo gostando muito não me marcou tanto quanto "Tudo Que Vai" que vem logo em seguida. Essa é uma das poucas músicas inéditas do acústico e de tão maravilhosa, ao meu ver, deve ter sido um presente para os fãs que a ouviram pela primeira vez no dia da gravação. Sobre ela, prefiro não citar trechos ou falar sobre a melodia que casam perfeitamente entre si. O mais importante é a sua mensagem que na minha interpretação fala sobre nossa relação com a memória, apego ao passado e como nos sentimos em relação a tudo isso.  



Ao meu ver, "Independência" é o tipo de música que tem um conteúdo mais politico e que pode ser usada para diversas situações em que precisamos reclamar da situação do nosso país. Junto com ela, endossam o coro dessa vibe politizada da banda o trio de músicas que eram do Aborto Elétrico: "Fátima", "Música Urbana", "Veraneio Vascaína".

Voltando a ordem, temos "Leve Desespero" que é uma música cuja letra também evoca um grito. Dessa vez, o que está sendo gritado é um pedido de socorro seja para fugir de momentos de agonia, tédio ou de confusão mental. Na minha interpretação, é um pouco de tudo isso além de um exemplo de como músicas como essa podem nos deixar livre para falar o que nem sempre conseguimos expressar com nossas próprias palavras. 

"Talvez se você entendesse
O que está acontecendo
Poderia me explicar
Eu não saio do meu canto
As paredes me impedem
Eu só queria me divertir"



Agora chegou o momento de falar de uma música com participação especial. O problema é que faltam palavras para expressar o quanto eu amo ela. Mesmo tendo ouvido uma "imensidão" de vezes, ela nunca perdeu seu brilho. 

"Eu Vou Estar", Dinho Ouro Preto divide o espaço com Zélia Duncan que entra de forma tão marcante que fica difícil imaginar a música sem ela. É lindo rever esse momento ou simplesmente só ouvir. De tão única, esta pérola do acústico fica conosco em vários momentos e de várias formas. Parafraseando a própria letra, aonde menos esperar ela com você vai estar. 



Composta por Kiko Zambianchi, "Primeiros Erros (Chove)" é uma das músicas mais conhecidas da banda. Algum tempo depois, descobri uma versão dela pela voz da Simony, o qual não gostei muito pelo meu apego a versão do Capital. Assim como "Eu vou estar", esta música também é um caso do qual as palavras não são suficientes para expressar o amor que tenho por ela. Nessa versão, as palavras parecem que nasceram para terem sido cantadas pela voz do Dinho e isso faz com que fique mais marcante ainda a mensagem dela que fala sobre a nossa relação com os erros do passado. 



"Cai a Noite" é o exemplo de música gostosa de ouvir, fechar os olhos e sentir o que a letra diz para cada um de nós. O trecho que diz "Quando a chuva cai nas noites mais solitárias, lembre-se sempre estarei aqui" ao meu ver é um dos mais bonitos. Entre outras possibilidades de interpretação, essa é  uma forma única de dizer com poucas palavras como uma lembrança pode se tornar um ponto fixo na nossa linha do tempo sem dificuldade justamente pelo fato de ser o registro de um momento único. 



"Natasha" é em poucas palavras uma historia musical. Não lembro se antes de ouvi-la eu já conhecia alguma música que contasse a história de uma garota livre que cai no mundo para experimentar possibilidades de uma vida louca. Só sei que tanto naquele ano como hoje continua sendo muito legal relembras as aventuras e desventuras dela que era Ana Paula e agora é Natasha. Falando nisso, recomendo que confiram o clipe da AVX PRODUÇÕES, uma produtora experimental da faculdade de comunicação e artes do CEUNSP- SALTO. 



Agora chegou a hora de falar daquela que talvez tenha sido meu primeiro amor musical: "Fogo". Talvez tenha arrebatado por ela na primeira "ouvida" ou pelo excesso de vezes em que a ouvi em uma mesma semana naquele ano. Só sei que foi "tão certo quanto o calor do fogo" me apaixonar por essa música. De certo modo, ela também define todo o carinho que tenho pelo Capital Inicial e as músicas dos cds que vieram depois também. Como também se canta em determinado trecho, "sem você não tem graça". 



Enfim, encerro esse longo passeio pessoal das minhas memórias musicais com uma pequena e breve história. Em 2001, tive a oportunidade de ir a um show do Capital em São Paulo. Apesar de algumas questões pessoais não terem dado certo, como não ter a companhia de um grande amigo naquele momento histórico pra mim, eu sempre vou lembrar daquele dia como a realização de um sonho. Infelizmente, não tenho nenhum registro que possa ser compartilhado aqui e lamento muito por isso. De qualquer modo, isto não importa agora. Só deixo aqui o meu agradecimento à MTV e ao fato de ter tido a oportunidade de conhecer através do acústico a minha banda favorita. 

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2 comentários:

  1. ótimo post. Você escreve muito bem! Sou fã do Capital e não consigo discordar de nada que vc falou.

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    1. Muito obrigado. Fico muito feliz pelo seu comentário. Isso com certeza me motiva a escrever mais vezes sobre o Capital aqui no blog. Tenho uma ideia meio que antiga, por assim dizer, de falar sobre os cds que vieram depois já que eles também me marcaram. Então, agora, acho que vou dar seguimento a isso.

      Ah, mais uma coisa, dei uma olhada no seu perfil e achei seu blog interessante. Quando tiver mais tempo, pretendo visitar e ler com calma e devida atenção.

      Mais uma vez, muito obrigado. Até.

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